Uma catarse coletiva

Frio. Inverno. Se não fosse a adrenalina de estar num palco, talvez estivéssemos congelados até hoje. Pois bem. Fomos uma das poucas bandas de rock selecionadas para tocar na FEARG deste ano, o que nos deixa bastante agradecidos pelo reconhecimento do trabalho duro que viemos desempenhando desde o final de 2006.

Subimos no palco enquanto a platéia entoava urros enlouquecidos chamando: 'Nitro!Nitro!Nitro!'.

Só para manter a sensação de frio na barriga. Mas bastaram os primeiros acordes de 'Senhor de todo caos' inundarem os P.A.s que a galera começou a agitar e bater cabeça na frente do palco.

Em seguida tocamos 'Extrema unção' que tem uma pegada mais direta e sempre causa um grande impacto na galera.

Em 'Asilo de almas perdidas' alguma coisa de estranha começou a acontecer naquele palco. O Erlon tomou a frente e puxou o riff inicial, correspondido novamente por urros da platéia. Nossa performance passou a ser mais visceral, mais descontraída, mais segura, mais profissional.

Quando eu poderia imaginar que canções escritas no meu canto, em casa, refletindo meus anseios pudessem ganhar esse contorno?

É nítida a identificação do público com as letras. E com o som, que embora não tenha um aspecto tão elaborado, começa a ganhar ares de Heavy metal. Porém, um metal torto, acidental, um metal alternativo, mais ou menos como o Alice in Chains e o Soundgarden. O que me deixa satisfeito, já que todo o peso que existe hoje na Nitrovoid chega a ser quase que por acaso, um pouco talvez por causa da entrada do Alex e do Erlon, que possuem uma formação mais 'metaleira'(odeio esse termo) e também devido ao meu gosto por Metallica, Sepultura, Corrosion of Conformity, etc...

O show seguiu legal até 'Contraste Dissonante', quando ao final da canção fomos informados que só poderíamos tocar mais duas músicas. Tudo bem que imprevistos acontecem, mas não seria justo nós pagarmos pelo atraso das bandas anteriores. Foi então que o Eduardo-Kvera-indignado com o possível corte no nosso show atira o próprio baixo no chão numa atitude de protesto contra a organização do evento. Eis que então, a massa pede por mais show.

E o que estava previsto para ser a suíte acústica e tranquila da nossa apresentação, se tornou uma catarse coletiva entre público e banda, que atendeu pelo nome de 'Nebula'. Já havíamos executado essa música em outras ocasiões, mas nem de perto se compara a reação que tivemos da galera neste dia. Todo mundo correspondeu aos meus chamados para inundar a frente do palco e logo estávamos diante da melhor platéia para quem já haviamos tocado. Bastou o riff iniciar que as rodas de pogo se armaram, com todos pulando e cantando cada parte da música. Com direito, inclusive, a um coro na parte pós-solo deste canção. Simplesmente fantástico.

Emendamos 'Lupus', outra que possui uma pegada bem 'pra frente'.

E como não podia deixar de ser encerramos o show com nossos dois hits(se é que podemos chamá-los assim): 'Sem lar, sem fim' e 'Karmavírus'.

Sensação de dever cumprido. E além de tudo, ficou claro que se pode ser muito feliz fazendo aquilo que se gosta.

Parabéns a todos que presenciaram e contribuíram para fazer deste o melhor show de nossas vidas.

Obrigado,

J.F. Costa